
Dependência Química e Codependência
É necessário aprender a abrir mão do dependente químico sem abandoná-lo.
Nos dias de hoje os assuntos em torno da temática “drogas” estão em alta. Muito se fala sobre as consequências que o uso abusivo de drogas e a dependência química causam ao usuário, como problemas de saúde física e emocional, problemas sociais, problemas com a lei, entre outros. Mas, sabe-se também que as pessoas envolvidas com usuários abusivos e dependentes químicos, especialmente familiares e amigos, também são afetadas de várias formas.


A codependência se caracteriza por um distúrbio acompanhado de ansiedade, angústia e compulsão
obsessiva em relação à vida do dependente químico. Pode-se dizer que familiares codependentes
também apresentam uma forma de dependência, não de substâncias, mas sim do vínculo com o dependente químico. O codependente tem a intenção real de ajudar. Mas seu esforço tem pouco resultado. Pois o dependente químico acaba utilizando todo o potencial de ajuda que recebe do codependente para usar a droga. Desta forma o codependente acaba sendo um administrador de crises. Enquanto o sistema permanecer instável, os problemas e crises são administradas pelo codependente, e o dependente químico tem condições de continuar o uso de drogas.


O reconhecimento e tratamento da codependência também é fundamental no tratamento do dependente químico.
Em muitos casos o auxílio ao dependente químico inicia com o tratamento dos familiares. E estes, ao compreenderem e tratarem a codependência têm grandes chances de, com uma nova postura, auxiliarem o dependente químico de maneira efetiva. Recomenda-se como tratamento e acompanhamento aos familiares de dependentes químicos a participação em grupos de mútua ajuda, assim como acompanhamento psicológico.
Terapia Cognitivo-Comportamental aplicada no tratamento da Dependência Química
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica amplamente utilizada e baseada em evidências que se concentra na relação entre pensamentos, sentimentos e comportamentos. A premissa central da TCC é que a forma como interpretamos e pensamos sobre as situações influencia diretamente nossas emoções e comportamentos. Ao identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais, a TCC visa promover mudanças positivas no humor e no comportamento do indivíduo.


Além da reestruturação cognitiva, a TCC também enfatiza a importância de modificar comportamentos problemáticos através de técnicas como exposição, treinamento de habilidades sociais, relaxamento e resolução de problemas. A TCC é uma abordagem flexível e adaptável que pode ser utilizada no tratamento de uma ampla gama de transtornos mentais, incluindo depressão, ansiedade, transtornos alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e dependência química.
Quais são as causas da dependência química?
As causas da dependência química são multifacetadas e variam de pessoa para pessoa. Os fatores biológicos têm um papel importante, pois a genética pode influenciar na predisposição de um indivíduo à dependência, já que certos genes afetam como o corpo e o cérebro respondem às substâncias.
Problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, também podem levar ao uso de drogas como forma de automedicação.


Experiências traumáticas, como abuso ou negligência durante a infância, também são causas frequentes, visto que essas experiências podem levar a pessoa a buscar alívio em substâncias nocivas. Ainda, há o fato de que o acesso fácil a drogas e álcool e a experimentação precoce são fatores que contribuem significativamente para o desenvolvimento da dependência química.
Quais são os principais sintomas da dependência química?
Nem sempre é fácil identificar os sintomas, pois a dependência química ocorre de forma progressiva. Ou seja, os sinais podem começar sutis, tornando-se mais evidentes com o tempo, o que dificulta o reconhecimento precoce do problema.
No entanto, existem alguns sintomas-chave que podem indicar o desenvolvimento da dependência química. Os principais são:


fissura ou craving;
dificuldade em controlar o uso;
síndrome de abstinência;
tolerância aumentada para a droga;
mudanças de comportamento.
Fissura ou craving
A fissura, também conhecida como craving, é uma necessidade intensa e urgente de consumir a substância da qual a pessoa é dependente. Esse desejo pode surgir de repente e ser desencadeado por gatilhos, como situações, lugares ou emoções que a pessoa associa ao uso da droga.


Dificuldade em controlar o uso
A pessoa começa a consumir a substância em quantidades maiores ou por períodos mais longos do que o planejado inicialmente. Tentativas de reduzir ou parar o uso geralmente falham, gerando frustração e sentimento de impotência.
Esse sintoma pode ser observado quando o indivíduo gasta muito tempo e esforço obtendo, usando e se recuperando dos efeitos da droga, indicando uma perda de controle sobre o consumo.


Síndrome de abstinência
A síndrome de Abstinência ocorre quando a pessoa, dependente de uma substância, reduz ou interrompe o uso. Os sintomas podem variar dependendo da droga, mas geralmente incluem ansiedade, irritabilidade, náuseas, tremores, sudorese e, em casos graves, convulsões.
Esses sinais físicos e psicológicos são uma resposta do corpo à ausência da substância à qual ele se acostumou. A abstinência torna-se um ciclo difícil de quebrar, pois o medo e o desconforto desses sintomas levam a pessoa a usar a droga novamente para ter alívio imediato.


Mudanças de comportamento
Mudanças de comportamento são sinais claros da dependência química. A pessoa pode começar a negligenciar responsabilidades no trabalho, escola ou em casa, priorizando o uso da substância.
Altereções no humor, isolamento social e abandono de hobbies e interesses também são comuns. Esses comportamentos refletem a crescente influência da substância na vida da pessoa, indicando que o uso está afetando negativamente diversos aspectos de seu cotidiano e relacionamentos.


Principais tratamentos para a dependência química


A verdade é que não falamos de cura para a dependência química. O tratamento é algo contínuo. Buscar uma assistência multidisciplinar com psiquiatras, psicólogos e outros profissionais, grupos sociais que estimulem outras possibilidades de escolhas que não só drogas, são indispensáveis no trato desse problema.
O psiquiatra é um profissional capacitado para tratar e diagnosticar doenças mentais, e sugerir o tratamento mais adequado, de acordo com cada caso. Na maior parte das vezes, a dependência pode desencadear outros transtornos mentais. Isso se dá pela grande desestabilidade bioquímica do cérebro, que faz com que as conexões cerebrais fiquem mais confusas, aumentando a predisposição para outras doenças mentais.
Terapia
Seja com um psicólogo, psiquiatra ou qualquer outro profissional habilitado, esta técnica visa tratar a dependência química através da compreensão cognitiva e psicodinâmica deste problema, pelo confrontamento e reavaliação de gatilhos e atitudes deste comportamento. Tais técnicas favorecem a motivação pelo tratamento como um todo e retomada de outras possibilidades e escolhas na vida de um sujeito. O envolvimento da família é fundamental e a sua participação é de extrema importância para os resultados.
Internação
A internação hospitalar é importante em alguns casos de dependência química. Esta intervenção proporciona o tratamento intensivo numa fase de desintoxicação, que pode ser muito severa de acordo com o caso. O tratamento do paciente internado consiste na desintoxicação intensiva, reabilitação individualizada e conscientização sobre a doença por meio de grupos, dinâmicas e terapias. A medicação é introduzida, pois ajuda a controlar os desejos e impulsos que levam a recaídas. Além disso, o uso de medicamentos também auxilia na diminuição dos sintomas da abstinência e fissura por uma substânc
Tratamento ambulatorial
Ao contrário da internação, neste caso o paciente permanece dentro da suas atividades cotidianas, porém fazendo o uso dos medicamentos e o acompanhamento frequente da equipe multidisciplinar.
A busca por esses tratamentos deve proporcionar um bem-estar físico e emocional ao dependente químico. Eles auxiliam de forma eficiente na recuperação da função humana, melhorando as ações motoras e mentais de quem está em sofrimento.
Em que momento o uso de drogas se torna dependência química?


No Sistema Nervoso Central há um mecanismo chamado Sistema de Recompensa, que trabalha com a dopamina, noradrenalina e serotonina, que são os principais neurotransmissores do corpo humano, responsáveis pelas sensações de prazer e bem-estar.
Por exemplo, após a realização de alguma atividade que você gosta ou depois da relação sexual e exercícios físicos, o sistema de recompensa é ativado com a liberação desses neurotransmissores. Com eles no sangue, você se sente muito bem, com prazer e disposição.
Na composição química das drogas, há princípios ativos que, mesmo com diferentes mecanismos de atuação no cérebro, atuam da mesma forma. Ou seja, elas acabam aumentando os níveis de dopamina no sangue, fazendo com que o indivíduo sinta uma sensação de bem-estar.
Entretanto, a fórmula da droga desregula a liberação dos neurotransmissores, o que gera a diminuição de dopamina no sangue na falta de drogas no cérebro. Com isso, surge a síndrome de abstinência, na qual a pessoa precisa ingerir mais drogas para aumentar a dopamina e se sentir bem.
Qual a relação entre dependência química e transtornos mentais?
A relação entre o transtorno mental e a dependência química é bastante próxima e complexa. Isso porque, a existência simultânea dos dois vai depender do caso a caso. Em contrapartida, a dependência química é considerada um transtorno mental.
Em primeiro lugar, é preciso salientar que o tratamento de um dependente químico envolve o trabalho de psicoterapeutas. Os psicólogos irão atuar na mente do indivíduo para entender a relação dele com as drogas e ajudá-lo a encontrar outras estratégias de lida sem ser pelo caminho dessas substâncias.
Nesse processo, outras questões psicológicas podem ser encontradas, como os transtornos de humor, bipolaridade, depressão e ansiedade, entre muitos outros. Nestes casos, será preciso tratar não só a dependência, como também esses outros transtornos mentais.
Mas antes, será preciso entender se a droga é causa ou consequência de uma questão psicológica. Por exemplo, uma pessoa pode fazer o uso de drogas como um escape para lidar com sua ansiedade, enquanto outra, pode ter depressiva por não conseguir controlar a dependência.
Nos manuais psiquiátricos, como a Classificação Internacional de Doenças e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, há a relação da dependência química e de transtornos mentais com mais detalhes. Mas essa avaliação, bem como o diagnóstico só pode ser feita por um profissional.
Como é o dependente químico como paciente?
Como a dependência química é um problema de saúde mental, o indivíduo precisa receber todo o auxílio e suporte possíveis. O melhor tratamento para ele é o multidisciplinar, que conta com profissionais de diferentes áreas com o intuito de reabilitar toda a vida do dependente.
Veja que a relação entre transtorno mental e dependência química é bastante complexa, necessitando de uma detalhada avaliação médica. Os especialistas inseridos nessa análise são o psiquiatra e o psicólogo. Além deles, nutricionistas e enfermeiros podem cuidar do paciente.
Durante o tratamento é de suma importância que os amigos e familiares estejam junto do dependente químico. Ele precisa saber que não está sozinho e que pode contar com a ajuda de pessoas queridas para vencer esse mal. Procure uma instituição de qualidade e se cuide.
Quais são os tipos de dependência química?
Os tipos de dependência química são classificados conforme a droga administrada.


Elas podem ser como:
ansiolíticos e anticolinérgicos.
repositores hormonais como os esteroides e anabolizantes.
substâncias lícitas como tabaco e álcool e ilícitas.
heroína e alucinógena como MD, LSD e ecstasy.
estimulante.
cocaína.
crack.
anfetaminas.
opioide.
Biológicos


Quando você consome uma substância, o sistema nervoso central é afetado diretamente afinal, ele é o principal responsável pela liberação da dopamina, neurotransmissor que gera as nossas sensações de prazer e que é estimulado no uso da droga.
Esse processo também ocorre de maneira natural ou seja, produzimos o hormônio do bem-estar quando realizamos atividades que nos completam.
No entanto, ao fazer uso recorrente de entorpecentes, é como se enviássemos uma mensagem para o nosso cérebro dizendo que o único modo de termos acesso a sentimentos positivos é por meio das drogas, isso compromete o chamado sistema cerebral de recompensas, que passará a não produzir mais os neurotransmissores de forma natural, além disso, há um prejuízo funcional do lóbulo frontal, responsável pela mediação de comportamentos e vontades.
Em outras palavras, o indivíduo passa a ser impulsivo, desejando mais e mais a substância em questão, a fim de revisitar sensações de prazer. Acontece que, agora, a produção de dopamina está comprometida e, para se sentir bem, é necessário consumir doses cada vez mais elevadas e, ainda sim, a duração do feito será menor.
Quais são as doenças causadas pela dependência química?
Mais do que sintomas, a dependência química pode servir como uma potencializadora de outras doenças graves.


Um exemplo é quando age como vetor do HIV e da hepatite C no compartilhamento de seringas em drogas injetáveis.
Substâncias que são fumadas, como tabaco e maconha, podem desencadear problemas respiratórios graves, tais quais enfisemas e neoplasias de boca, faringe, laringe e pulmões.
Outros problemas também estão relacionados direta ou indiretamente ao consumo frequente e abusivo de substâncias nocivas.
Nesse caso, posso citar: insuficiência renal e hepática, cirrose, comprometimento cerebral (como os AVCs), transtornos comportamentais (depressão, esquizofrenia, síndrome do pânico), complicações no coração (endocardite infecciosa) e desnutrição.
Desintoxicação
O tratamento que exige mais cuidado é a fase de desintoxicação, que se refere à remoção das substâncias tóxicas do organismo, permitindo que o corpo comece a se recuperar dos efeitos do uso prolongado de drogas ou álcool.
Esse procedimento é realizado sob supervisão médica, para garantir a segurança do paciente. Afinal, os sintomas de abstinência podem ser severos e, em alguns casos, perigosos. Médicos e profissionais de saúde monitoram e tratam esses sintomas, proporcionando um ambiente seguro e controlado para a recuperação física inicial, preparando o paciente para as próximas etapas do tratamento.

